domingo, 9 de outubro de 2011

Resenha crítica (Ética Globalizada e Sociedade de Consumo)

Capítulo 3 - Democracia e Globalização


Diversidade Política,


Desigualdade Social



A diversidade política é proporcional a diversidade de consumo, utilizando-se de fortes argumentos ideológicos, o governo faz lembrar continuamente a classe baixa que pode comer iogurte e frango, enquanto a classe média alta, com o auxílio dos mecanismos governamentais de concentração de rendas, come caviar e desfruta efetivamente da globalização. Afirmou o autor Júlio José Chiavenato(2002).

Mantendo o consumismo nas duas extremidades da sociedade, o governo equilibra o mercado num processo harmonioso de “participação” na riqueza nacional, sendo esses os principais tipos de poder e consumo, manipulados pela política governamental.

Essa diversidade brasileira, que na política recebeu o nome de democracia e na economia o de neoliberalismo ou globalização, permite aparentemente o discurso de uma sociedade igualitária.

Com os meios de comunicação reproduzindo de forma direta ou indiretamente é fácil implantar no imaginário popular conceitos que favorecem o sistema e os seus modos de dominação, pois somente os proprietários desses meios decidem quais idéias devem ser divulgadas.

Vale lembrar a famosa frase do filósofo revolucionário Karl Marx - “As idéias dominantes são as idéias das classes dominantes”.

Para as populações massacradas pelos meios de comunicação, ter igualdade entre as classes significa ”consumir”, dessa forma, através da propaganda se adquire o falso conceito de liberdade e igualdade e perde-se o de cidadania, ou seja, as pessoas tornaram-se mais desumanas. Assim se explica a passividade da nação e a aliança política dos pobres com os governantes.

Segundo o autor, nesse cenário globalizado houve um grande investimento em tecnologia para a produção em série e esqueceram de investir nas pessoas.

Enquanto criam mecanismos internacionais que levam os países pobres a subsidiarem a agricultura dos países ricos, mais as proteções sanitárias, que na verdade são barreiras às exportações das nações pobres, aumenta o quadro de dependência, ou seja, cada vez mais o mundo fica mais desigual.

Até mesmo os próprios países desenvolvidos criam suas desigualdades, para ter mais sucesso na globalização, aumentam a produtividade e barateiam os custos, ao lado das conquistas tecnológicas as nações ricas aumentam a oferta de mão-de-obra e diminuem os salários, agravado pela imigração clandestina, tornando o país que adota esse tipo de trabalho, sem compromisso social ou humano.

O imaginário globalizado criou a realidade virtual, fez-se ilusão de um mundo igualitário onde o materialismo é superficial, por exemplo, o pagamento de contas em débito automático que facilita a vida do consumidor sem ter o contato direto com o dinheiro.

John Kenneth Galbraith, um dos maiores economistas do século XX, disse em novembro de 1997 a seguinte frase: - “Globalização não é um conceito sério. Nós americanos, o inventamos para dissimular nossa política de entrada econômica nos outros países”. Isso teoricamente significa que a globalização foi inventada e literalmente abriu a economia dos países emergentes para a entrada de empresas e capital estrangeiro, demonstrando nossa incapacidade política e dependência para com as nações ricas.

O autor Júlio José Chiavenato cita apenas uma das várias maneiras de se abrir a economia nacional para atrair investimentos estrangeiros é mantendo os juros altos, o Brasil aplica os juros mais exorbitantes do mundo, a nossa taxa de juro real chega a 37,5% ao ano. A taxa média nos países industrializados é de 2,9% ao ano, oscilando de 0,5% no Japão a 5,4% na Itália. Isso significa que os investidores externos ganham muito mais ao investir aqui do que nos seus países de origem, enfraquecendo e debilitando ainda mais o poder de consumo das classes trabalhistas, que sofrem com os juros altos para compras parceladas e financiamento de automóveis por exemplo.Mas isso significa que o capital investido aqui é financeiro(ações, letras, títulos e valores de operações monetárias) e não-produtivo que seria destinado ao financiamento de fábricas ou aplicado no aumento da produção. Os juros prometidos têm de ser pagos e, enquanto houver garantias, podem ser reinvestidos.

Essa política de base monetária reprime a inflação rapidamente, mas é artificial e sem base estrutural porque apóia-se no mercado financeiro, que é mutável e pode ter guinadas radicais inesperadamente. Com a globalização das bolsas, os países subdesenvolvidos ficam à mercê do mercado monetário, que é o setor do mercado financeiro que opera a curto prazo, como têm mercados de capitais correspondentes às suas economias, portanto fracos, as suas bolsas oscilam mais perigosamente do que a dos países desenvolvidos, com consequências sociais mais graves, embora manipulando menores valores.

Resumidamente, segundo o autor, o governo brasileiro optou por uma solução paliativa e demagógica: o combate a inflação, atraindo investimentos externos com juros altos e abertura da economia e o pior, abandonou qualquer projeto de mudança na estrutura socioeconômica que começaria com uma reforma agrária seguida da redistribuição de renda.

O Brasil necessita de um investimento induzido que seria o crescimento real da capacidade de consumo para atrair investimentos, pois o aumento da renda induz ao consumo e para consumir é preciso produzir. Como a renda não aumentou, o que ocorreu foi um investimento autônomo, influenciado por motivos externos estimulados pelo progresso tecnológico e outros fatores de políticas governamentais, ou seja, é mais fácil manter a alta concentração de rendas do que aumentar o poder aquisitivo das classes menos favorecidas.Sem esses fatores, “globalizar” o Brasil na seria tão simples.

De acordo com o autor a incapacidade governamental em romper a estrutura socioeconômica que favorece a concentração de rendas ocasionou a dependência de capital estrangeiro e facilitou o processo globalizador no Brasil.



Referências: Ética Globalizada e Sociedade de Consumo, Júlio José Chiavenato, Coleção Polêmica, 5ª impressão, Editora Moderna 2002

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