domingo, 9 de outubro de 2011

Cibercultura - Introdução a Cibercultura

Os séculos XX e XXI são marcados por inúmeros avanços tecnológicos, dentre os quais, destaca-se o aperfeiçoamento do conhecimento informático. Diante da presente evidência, este trabalho intenta visualizar a possível relação entre cibercultura e educação sob a perspectiva de Pierre Lévy. Desse modo, ao analisar determinadas investigações do filósofo percebe-se que, entre outras questões, a interação entre cibercultura e educação ocorre na circunstância segundo a qual a instituição de ensino possui acesso às ferramentas de informática e, com efeito, as utilizam no processo educativo. Além do mais, o artigo pretende expor a relevância do ciberespaço enquanto a principal ferramenta escolar no concernente à ampliação do conhecimento discente pressupondo, necessariamente, o típico papel do educador. E ainda, observar-se-á que a interatividade proporcionada pelo ciberespaço contribui, a nível global, para a mesclagem cultural, que, em linhas gerais, manifesta os conhecimentos da inteligência coletiva, criando, então, a cibercultura.

Fontes:
Mateus Ubiratan dos Anjos
Pós-Graduando do Curso de Especialização Lato Sensu em Filosofia e
Sociologia: um diálogo interdisciplinar. UNICENTRO, 2007.
Cláudio César de Andrade
Professor Orientador. Doutor em História. (Área de concentração: História e
Sociedade). Departamento de Filosofia. UNICENTRO.

Inclusão Digital

Nos últimos anos, tem sido apregoado aos quatro cantos do Brasil a necessidade de se fazer a inclusão digital para aqueles indivíduos que não têm acesso às tecnologias de informação e comunicação ou simplesmente TIC’s, como são mais comumente conhecidas. Três pilares formam um tripé fundamental para que a inclusão digital aconteça: TIC’s, renda e educação. Não é difícil vaticinar que sem qualquer um desses pilares, não importa qual combinação seja feita, qualquer ação está fadada ao insucesso. Atualmente, segundo o Mapa de Exclusão Digital divulgado no início de Abril/2003 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) juntamente com outras entidades, aproximadamente 12% dos brasileiros têm computador em suas residências e pouco mais de 8% encontram-se conectados à Internet. Até quando continuará a inépcia do governo brasileiro? (se é que ‘ele’ tem qualquer real intenção de promover a inclusão digital).

As TIC’s têm causado mudanças significativas em toda a sociedade. No âmbito empresarial, as modificações decorrentes das TIC’s têm:

 propiciado ambiente competitivo as mais variadas instituições, inclusive as não tradicionais;
 promovido o declínio de custos de processamento;
 motivado a erosão geográfica e de produtos;
 influenciado o planejamento e redesenhado organizações.

Essas ações não são suficientes. É ainda necessário o desenvolvimento de redes públicas que possibilitem a oferta de meios de produção e difusão de conhecimento. As escolas e universidades constituem também componentes essenciais à inclusão digital uma vez que diversos protagonistas (professores, alunos, especialistas membros da comunidade) atuam em conjunto para o processo de construção de conhecimento. Note que os três pilares do tripé da inclusão digital devem existir em conjunto para que ela ocorra de fato. De nada adianta acesso às tecnologias e renda se não houver acesso à educação. Isto porque o indivíduo deixa de ter um mero papel ‘passivo’ de consumidor de informações, bens e serviços, e então passa também a atuar como um produtor de conhecimentos, bens e serviços.
É também imperativo que a inclusão digital esteja integrada aos conteúdos curriculares e isto requer um redesenho do projeto pedagógico e grade curricular atuais de ensino fundamental e médio. É pré-requisito considerá-lo também na formação de profissionais dos cursos de Pedagogia, Licenciaturas e similares.
O Brasil tem condições de superar esse atraso e as vicissitudes existentes. Todavia, para que isso de fato ocorra, é preciso começar a fazê-lo hoje, ou melhor, ontem. Do contrário, as gerações vindouras continuarão com elevado índice de excluídos da era digital. A inclusão digital tem um tripé que compreende acesso a educação, renda e TIC’s. A ausência de qualquer um desses pilares significa deixar quase 90% da população brasileira permanecendo na condição de mera aspirante a inclusão digital. Dentro deste contexto, considera-se que a inclusão digital é necessária a fim de possibilitar à toda a população, por exemplo, o usufruto dos mais variados serviços prestados via Internet. Hoje em dia, ter acesso a Internet significa acesso a um vasto banco de informações e serviços. Este imenso repositório de conteúdo e serviços merece e deve ser utilizado por toda população brasileira. É preciso que o governo, como principal protagonista, assuma o papel de coordenador e atue em conjunto com sociedade civil organizada a fim de assegurar o tripé da inclusão digital.

FONTE:
Antônio Mendes da Silva Filho
Professor do Departamento de Informática da UEM. Doutor em Ciência da Computação.

Resenha crítica (Ética Globalizada e Sociedade de Consumo)

Capítulo 3 - Democracia e Globalização


Diversidade Política,


Desigualdade Social



A diversidade política é proporcional a diversidade de consumo, utilizando-se de fortes argumentos ideológicos, o governo faz lembrar continuamente a classe baixa que pode comer iogurte e frango, enquanto a classe média alta, com o auxílio dos mecanismos governamentais de concentração de rendas, come caviar e desfruta efetivamente da globalização. Afirmou o autor Júlio José Chiavenato(2002).

Mantendo o consumismo nas duas extremidades da sociedade, o governo equilibra o mercado num processo harmonioso de “participação” na riqueza nacional, sendo esses os principais tipos de poder e consumo, manipulados pela política governamental.

Essa diversidade brasileira, que na política recebeu o nome de democracia e na economia o de neoliberalismo ou globalização, permite aparentemente o discurso de uma sociedade igualitária.

Com os meios de comunicação reproduzindo de forma direta ou indiretamente é fácil implantar no imaginário popular conceitos que favorecem o sistema e os seus modos de dominação, pois somente os proprietários desses meios decidem quais idéias devem ser divulgadas.

Vale lembrar a famosa frase do filósofo revolucionário Karl Marx - “As idéias dominantes são as idéias das classes dominantes”.

Para as populações massacradas pelos meios de comunicação, ter igualdade entre as classes significa ”consumir”, dessa forma, através da propaganda se adquire o falso conceito de liberdade e igualdade e perde-se o de cidadania, ou seja, as pessoas tornaram-se mais desumanas. Assim se explica a passividade da nação e a aliança política dos pobres com os governantes.

Segundo o autor, nesse cenário globalizado houve um grande investimento em tecnologia para a produção em série e esqueceram de investir nas pessoas.

Enquanto criam mecanismos internacionais que levam os países pobres a subsidiarem a agricultura dos países ricos, mais as proteções sanitárias, que na verdade são barreiras às exportações das nações pobres, aumenta o quadro de dependência, ou seja, cada vez mais o mundo fica mais desigual.

Até mesmo os próprios países desenvolvidos criam suas desigualdades, para ter mais sucesso na globalização, aumentam a produtividade e barateiam os custos, ao lado das conquistas tecnológicas as nações ricas aumentam a oferta de mão-de-obra e diminuem os salários, agravado pela imigração clandestina, tornando o país que adota esse tipo de trabalho, sem compromisso social ou humano.

O imaginário globalizado criou a realidade virtual, fez-se ilusão de um mundo igualitário onde o materialismo é superficial, por exemplo, o pagamento de contas em débito automático que facilita a vida do consumidor sem ter o contato direto com o dinheiro.

John Kenneth Galbraith, um dos maiores economistas do século XX, disse em novembro de 1997 a seguinte frase: - “Globalização não é um conceito sério. Nós americanos, o inventamos para dissimular nossa política de entrada econômica nos outros países”. Isso teoricamente significa que a globalização foi inventada e literalmente abriu a economia dos países emergentes para a entrada de empresas e capital estrangeiro, demonstrando nossa incapacidade política e dependência para com as nações ricas.

O autor Júlio José Chiavenato cita apenas uma das várias maneiras de se abrir a economia nacional para atrair investimentos estrangeiros é mantendo os juros altos, o Brasil aplica os juros mais exorbitantes do mundo, a nossa taxa de juro real chega a 37,5% ao ano. A taxa média nos países industrializados é de 2,9% ao ano, oscilando de 0,5% no Japão a 5,4% na Itália. Isso significa que os investidores externos ganham muito mais ao investir aqui do que nos seus países de origem, enfraquecendo e debilitando ainda mais o poder de consumo das classes trabalhistas, que sofrem com os juros altos para compras parceladas e financiamento de automóveis por exemplo.Mas isso significa que o capital investido aqui é financeiro(ações, letras, títulos e valores de operações monetárias) e não-produtivo que seria destinado ao financiamento de fábricas ou aplicado no aumento da produção. Os juros prometidos têm de ser pagos e, enquanto houver garantias, podem ser reinvestidos.

Essa política de base monetária reprime a inflação rapidamente, mas é artificial e sem base estrutural porque apóia-se no mercado financeiro, que é mutável e pode ter guinadas radicais inesperadamente. Com a globalização das bolsas, os países subdesenvolvidos ficam à mercê do mercado monetário, que é o setor do mercado financeiro que opera a curto prazo, como têm mercados de capitais correspondentes às suas economias, portanto fracos, as suas bolsas oscilam mais perigosamente do que a dos países desenvolvidos, com consequências sociais mais graves, embora manipulando menores valores.

Resumidamente, segundo o autor, o governo brasileiro optou por uma solução paliativa e demagógica: o combate a inflação, atraindo investimentos externos com juros altos e abertura da economia e o pior, abandonou qualquer projeto de mudança na estrutura socioeconômica que começaria com uma reforma agrária seguida da redistribuição de renda.

O Brasil necessita de um investimento induzido que seria o crescimento real da capacidade de consumo para atrair investimentos, pois o aumento da renda induz ao consumo e para consumir é preciso produzir. Como a renda não aumentou, o que ocorreu foi um investimento autônomo, influenciado por motivos externos estimulados pelo progresso tecnológico e outros fatores de políticas governamentais, ou seja, é mais fácil manter a alta concentração de rendas do que aumentar o poder aquisitivo das classes menos favorecidas.Sem esses fatores, “globalizar” o Brasil na seria tão simples.

De acordo com o autor a incapacidade governamental em romper a estrutura socioeconômica que favorece a concentração de rendas ocasionou a dependência de capital estrangeiro e facilitou o processo globalizador no Brasil.



Referências: Ética Globalizada e Sociedade de Consumo, Júlio José Chiavenato, Coleção Polêmica, 5ª impressão, Editora Moderna 2002

Entrevista: André Lemos e a Cibercultura no Brasil


Entrevista: André Lemos e a cibercultura no Brasil, por Fabiana Paiva



Pioneiro nos estudos em cibercultura no Brasil, André Lemos é referência no assunto. O professor doutor da Faculdade de Comunicação da UFBA aterrissou em São Paulo semana passada, convidado a abrir o simpósio Cibercultura 2.0. O evento, um dos poucos mas cada vez mais freqüentes na área, aconteceu no Senac de Comunicação e reuniu diversos estudiosos e profissionais para discutir o complexo campo cultural que se formou com as novas tecnologias. Aproveitando sua presença em terras paulistanas e cibernéticas, André Lemos concedeu entrevista virtual à Magnet para falar um pouco mais sobre a realidade da cibercultura no país, como é o mercado de trabalho nacional e o campo de estudos para quem quer seguir essa carreira. André também deu um panorama dos cursos disponíveis atualmente e falou sobre como andam seus próximos trabalhos e as tendências da cibercultura para os próximos anos. 

                                                                                                                               

Magnet - Como você definiria o conceito de cibercultura dentro do que conhecemos por sociedade contemporânea? Podemos dizer que a cibercultura é um conceito estritamente ligado às novas tecnologias e suas influências no modo de vida da sociedade atual, ou representa uma estrutura de valores culturais mais ampla? E a quem ela influencia?

André Lemos -A cibercultura nada mais é do que a cultura contemporânea em sua interface com as novas tecnologias de comunicação e informação, ela está ligada às diversas influências que essas tecnologias exercem sobre as formas de sociabilidade contemporâneas, influenciando o trabalho a educação, o lazer, o comércio, etc. Todas as áreas da cultura contemporânea estão sendo reconfiguradas com a emergência da cibercultura.

M - Em agosto deste ano (numa outra entrevista) você afirmou que o Brasil tem facilidade de atração pelas novas tecnologias. Qual seria a razão? E considerando que o país ainda se encontra na "periferia" desse movimento, apesar da crescente movimentação dos hackers e dos grupos ciberativistas contra a exclusão digital, o que falta na sua opinião para o Brasil entrar de vez na cibercultura?

AL -A sociedade brasileira passou da cultura oral diretamente para a cultura audiovisual e isso interfere na forma como nos relacionamos com os novos produtos midiáticos. O Brasil enfrenta o problema, mundial, de inserção de camadas excluídas da população nas novas tecnologias. Para entrar de vez, precisamos de políticas públicas que garantam o acesso à totalidade da população, o desenvolvimento de softwares e um maior engajamento político através dessas tecnologias.

M - De 1991 (quando iniciou suas pesquisas) para cá, como você vê o desenvolvimento dos estudos e discussões sobre cibercultura no Brasil? E dentro dessa perspectiva, como você avalia a distribuição da produção científica nacional sobre cibercultura, além dos eventos como o Cibercultura 2.0, entre centros como Rio de Janeiro, Bahia, São Paulo e a Região Sul do país?
AL -Os estudos em cibercultura ainda engatinham no Brasil, mas já existem grupos de pesquisa de ponta em várias áreas e em vários Estados do país. Temos ainda trabalhos interessantes em Recife, Porto Alegre.

M - Em quais campos da vida o profissional especializado em cibercultura poderá aplicar seu conhecimento? Onde ele atuaria dentro do mercado de trabalho nacional?

AL -Há várias áreas, desde a estritamente acadêmica até produção multimídia, jornalismo online, webdesigner, gestor de informação, além das ligadas à informática como programadores, analistas de sistemas, entre outras.

M - Você coordena o grupo de pesquisa em cibercultura, o Ciberpesquisa, na Faculdade de Comunicação da UFBA. Como você avalia os espaços acadêmicos em cibercultura no Brasil, em termos de quantidade, distribuição e qualidade curricular, por exemplo? Você indicaria alguns centros ou curso de cibercultura (nacionais ou internacionais) como referência? Quais?

AL -Não há cursos de cibercultura no Brasil, mas cursos que abordam um ou outro aspecto da cibercultura. Temos cursos em hipermídia, jornalismo eletrônico, webdesign, entre outros. O Ciberpesquisa está ligado à pesquisa em cibercultura, que é uma linha do programa de pós-graduação em comunicação da Facom/UFBa. Centros de referência no Brasil são: Ciberpesquisa (UFBa), Virtus (UFPe), Ciberideia (UFRJ). Há, nos programas de pós-graduação em comunicação do Brasil, linhas de pesquisa sobre cibercultura.

M - Quais foram os temas que o inspiraram ao longo de seu trabalho em cibercultura? Atualmente, quais são seus trabalhos na área?

AL -Trabalho com esse tema desde 1991, quando comecei meu doutoramento na França. Tenho tratado de algumas questões importantes para conhecer a cibercultura. Fiz trabalhos e pesquisas sobre sociabilidade online, hipertextos, cyborgs, hackers... Agora estou interessado na relação entre o espaço urbano e a cibercultura. Estou editando um livro sobre esse tema, Cibercidades, que deve sair ainda esse ano ou no começo de 2004.
M - Por fim, o que você apontaria como tendência para o futuro da cibercultura no Brasil, comparativamente às tendências no restante do globo? E qual sua avaliação sobre o surgimento de espaços de discussão como o Cibercultura 2.0?

AL -Espaços de discussão são sempre bem-vindos. Acho que o grande tema atual é o wireless, o wi-fi. A conexão móvel vai alterar práticas e mudar nossa percepção do ciberespaço. Cada vez mais estaremos imersos em um nomadismo que articula o espaço de fluxo com o espaço de lugar.

Fonte: http://informatica.terra.com.br/interna/0,,OI218911-EI553,00.html. Acesso em 09/10/2011


Participantes de postagens:

Eliton Garbo
Ketlen Maria Rezende
Leandro Fernandes de Freitas
Bruna Rossi Luchiari

Vinicius A. Mantovani Nazatto